Na região, 83% dos candidatos a prefeito são 'brancos', 13% são 'pardos' e 1,9% são 'pretos'
ELEIÇÕES 2024
Dos 157 candidatos a prefeito na região de Presidente Prudente, 131, ou 83,4%, declararam cor/raça “branca”. Os dados são de um levantamento feito no sistema DivulgaCandContas, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o qual aponta que a segunda maior participação entre os postulantes ao Executivo no oeste paulista é dos “pardos”, com 13,3%, ou seja, 21 concorrentes ao cargo majoritário. Na sequência temos os “pretos”, com três nomes (1,91%), e os “amarelos”, com dois orientais que representam 1,27% do total de participantes.
De acordo com o sociólogo prudentino Marcos Lupércio Ramos, o cenário de candidatos não representa o perfil da população brasileira. “Se assim fosse, deveria ter, aproximadamente, 44% de pardos, 9% de pretos e 47% de brancos. Então, em termos de ‘perfil racial’, está distante da realidade, já que 84% se declararam ‘brancos’”, comenta. Ele pontua que pode estar ocorrendo que, entre os ditos candidatos “brancos”, existam pessoas “pardas”, mas que não se entendem como tendo esse perfil.
“Mas, não acredito que sejam tantos os candidatos ‘pardos’ que se autodeclaram como ‘brancos’. Como educador eu percebo essa ‘confusão’ entre os discentes da escola. Muitas crianças pardas se consideram ‘brancas’ e, pior, se sentem ofendidas quando é utilizado o termo ‘negro’, que são os pretos e pardos, a partir da visão antropológica”, explica.
No entanto, mesmo não representando o perfil da população brasileira, o sociólogo afirma que o cenário constatado entre os candidatos do oeste paulista é comum nas eleições do país. “Mesmo porque, tem relação com o perfil socioeconômico daqueles que se candidatam para eleições, especialmente aos cargos majoritários, no caso, para prefeitos”, destaca.
Frisa que, quanto maior for o poder econômico das pessoas, maiores serão as facilidades para que possam ser candidatos a eleições, quaisquer que sejam, até para síndico de edifícios residenciais, exemplifica. “A maioria da população mais carente do país tem o perfil ‘negro’ [pretos e pardos]. Algo em torno de 70% da população mais pobre do país. Portanto, as condições econômicas - pobreza - dificultam uma maior participação nas eleições como candidato. Como no espectro ‘branco’, se concentra a parcela da população com maior poder aquisitivo, é nela, também, que ocorre o maior número de candidatos, independentemente do gênero”, ressalta.
Tendência na política
Marcos Lupércio diz que, em termos de tendência, não acredita que ocorram maiores transformações no futuro. “A maioria dos candidatos tende a ser ‘branca’ e heterossexual masculino, apesar das leis partidárias e dos gastos com eleição serem - em sua maioria - com recursos públicos. A questão está no comando dos partidos. Quem comanda os partidos? Em sua maioria, pessoas ‘brancas’, do sexo masculino e heterossexuais. No PT [Partido dos trabalhadores], há uma mulher no comando, porém, ‘branca’”, cita.
“Há mudanças quando se fala em regiões, ou determinados Estados, como a Bahia, onde a presença negra [pretos e pardos] na política é maior. Maranhão e Bahia são os Estados em que essa ‘lógica’ excludente é exceção”, esclarece o sociólogo.
As informações são do jornal O Imparcial.